CÂNTICO DO SER
Não, eu não tenho peso.
O peso que me faz
é o dos meus sonhos.
Dos meus desejos de paz.
Eu não sou como tu,
pastor despojado,
pesado de luz e de amor.
Eu sou leve de vida, de luz.
Leve de esperança.
Sacrificada flor.
A obra de minha vida
procede somente
dos meus olhos fiéis.
Meus joelhos talvez
estejam ausentes,
dobrando-se em nuvens cruéis.
Mas, pastor, chegarei à fonte,
assim, humilde,
sempre reverenciando o eterno
em seu silêncio profundo.
Nem gazela, nem santa,
nem dama.
Apenas humana.
E já é tudo.
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