Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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ASAS PÚRPURAS

                                      " (...) Resvalou nas ondas
                                       a lua nupcial.
                                       E não vi meu sangue
                                       na extensão do mar.”

                                                       Gabriela Mistral


O mar levou meu sangue
pelas praias do infinito.
O que  ficou na areia, exangue,
foi a ave que fugiu do labirinto.

E devagar vai se escondendo...
de outros pássaros que vêm e vão.
Onde estão as minhas asas? Podaram-nas?
Sim... mas não podaram o coração.

Reflito, penso...o mar é tão imenso...
- e me dizem os sagrados ventos
que ondinas e silfos fazem festa

não pras flores nas alcovas das areias,
mas sim, ao mar que engole  essa teia,
e o sangue às minhas asas já regressa.

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 02/04/2008
Alterado em 03/06/2011
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