BEIJOS
Beijos que nascem em delírios extremos,
em ondas de gelo, em lírios bambinos,
sofrem, alquímicos, no ser os desvelos
de quem não compreende um luto menino.
Beijos que trilham o caminho dos sábios
em dias de gozo e de dor conscientes
ameaçam desaguar para dentro dos lábios
as lágrimas turvas da saudade inerente.
Que a rosa nunca fosse uma tortura imensa
no beijo que a vida não dá em recompensa
ao sonho dos lábios pelo gosto dos céus.
Se a alma num beijo pode ir ao calvário,
também pode, um dia, mudar o itinerário
da dor e sentir em seu lábios o toque de Deus.