Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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DESERTO




Essa candeia se apaga no deserto.

Era miragem frágil de um cansado peregrino.

Fechar esses olhos agora tão incertos

ao que era bom, era puro, era divino.

 

Cansou os passos, o seu corpo e sua tenda

desabou ao vento em batalha etérea e triste.

Agora a noite e a solidão lhe recomendam

a caminhar sem ver auroras porque elas não existem.

 

Sufoca a solidão na areia e a agonia no silêncio.

As noites são somente um imenso lenço

trêmulo e molhado por um orvalho antigo.

 

A terra, os céus, os espaços tão imensos

formam um só corpo com seus pensamentos

e só um eco do seu coração lhe diz: - ainda estás vivo!

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 25/02/2008
Alterado em 03/06/2011
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