DESERTO
Essa candeia se apaga no deserto.
Era miragem frágil de um cansado peregrino.
Fechar esses olhos agora tão incertos
ao que era bom, era puro, era divino.
Cansou os passos, o seu corpo e sua tenda
desabou ao vento em batalha etérea e triste.
Agora a noite e a solidão lhe recomendam
a caminhar sem ver auroras porque elas não existem.
Sufoca a solidão na areia e a agonia no silêncio.
As noites são somente um imenso lenço
trêmulo e molhado por um orvalho antigo.
A terra, os céus, os espaços tão imensos
formam um só corpo com seus pensamentos
e só um eco do seu coração lhe diz: - ainda estás vivo!