Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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ENIGMA




A tarde vai dormir, desajeitada,
carregando o vento pelas mãos.
Também vou dormir, ao pó, ao nada,
enrolada na minha incompreensão.

Incompreensão do humano e do divino
que existe em cada um e em mim mesma.
Sei que há um enigma no dobrar do sino,
que avisa que minh' alma está enferma.

E a minha alma está enferma de poemas
e pra doença das palavras, dos meus temas
não há cura, não há remédio que conforte.

Silenciosamente, ela vai definhando devagar,
pelo enigma dos meus olhos  a sangrar
rosas petrificadas pelos jardins da noite.

 

 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 20/02/2008
Alterado em 03/06/2011
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