ENIGMA
A tarde vai dormir, desajeitada,
carregando o vento pelas mãos.
Também vou dormir, ao pó, ao nada,
enrolada na minha incompreensão.
Incompreensão do humano e do divino
que existe em cada um e em mim mesma.
Sei que há um enigma no dobrar do sino,
que avisa que minh' alma está enferma.
E a minha alma está enferma de poemas
e pra doença das palavras, dos meus temas
não há cura, não há remédio que conforte.
Silenciosamente, ela vai definhando devagar,
pelo enigma dos meus olhos a sangrar
rosas petrificadas pelos jardins da noite.