Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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EM BRANCO




O que escreverei? Sobre por de sol? 
O verde dos campos? Os desencantos?
A saudade da infância? A esperança?
Estar aqui e não ser?

A fome, a dor, os desesperos?
Eu sou só gente desse mundo,
um pensar vagabundo
e ao mesmo tempo profundo
com um coração cheio de erros.

Não, nada escreverei
ao lado das rosas.
A minha face vem dos jardins antigos,
mas agora eu podo as minhas rosas,
com suas pétalas desastrosas
e seus espinhos inimigos.

Agora a  minha vida se  escreve
em cada célula morta
da  minha pele,
como um vaso sob céu aberto,
descascado,
mas que será restaurado
antes do amanhecer.

Poderei então voltar
e ao lado das rosas, por fim,
me escrever.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 03/02/2008
Alterado em 03/06/2011
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