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Quero partilhar o sono dos pastores
quando a noite chegar...
E me deslizar por entre os ramos
que adornaram a caminhada.
E meus olhos perseguirão
aquele brilho de estrela escondida,
e a essência de um sorriso que retornará
depois de tantos caminhos percorridos,
de tantas vontades vazias e perdidas.
Quando eu ascender minha cabeça
sobre aquele luar de flores
que há muito vinha sonhando
para que meu rosto pudesse
soltar minha voz,
sei que ouvirei um cântico
pelos campos se espalhando
e os véus serão desvelados
por um ser de amor e de paz.
Nada terei além
do horizonte por testemunha.
Não me envergonharei dos meus cuidados
de ter sido alegria e angústia
e vaga pluma vivendo ao léu.
Estarei, enfim, sendo feliz,
partilhando algum céu.