PROSA POÉTICA SOBRE "LIRA DE MAIO"
Com muita honra desejo apresentar a belíssima, tocante, sensível e maravilhosa prosa poética feita por minha querida amiga poeta do Recanto, Sonia Lupion Ortega Wada, sobre o meu poema Lira de Maio. A versão expandida de Sonia me tocou profundamente pois em seu texto vejo meu poema tocando profundidades, cruzando distâncias, voando infinitos. Belíssima prosa poética de Sonia, que com sua varinha de condão poética me fez sentir que, reciprocamente, desde sempre, a partir do coração, chegaremos ao coração do outro caminhando pela estrada da Beleza de nossa alma. Gratidão, Soninha. Eternamente.
"""Versão expandida em prosa poética
Há uma voz que não nasce da garganta nem do mundo. Ela vem das entranhas do firmamento, onde o silêncio repousa como uma memória adormecida. Voz antiga, feita de estrelas e distância, que se move entre os véus do tempo e encontra em mim seu eco. Talvez seja um chamado divino. Talvez um reflexo interior — minha consciência superior em sussurro, ou quem sabe, uma alma guia que me acompanha desde antes do tempo.
Essa voz não grita. Ela reconhece. Reconhece-me por dentro, como quem reencontra uma promessa feita há milênios. Fala de um sonho perdido, de um destino esquecido, de algo que um dia me foi revelado nas entrelinhas da existência e que agora, tardiamente, se apresenta com nitidez. Como quem chega atrasado à própria epifania, desperto.
Ela é fiel como as Escrituras. Uma voz bíblica, serena, mas cheia de força. Transmuta minha lágrima em mel — um mel denso, doce, amargo talvez — mas puro. E nessa alquimia silenciosa, me cura. Essa voz não julga. Apenas guia. E cada palavra sua é como uma esperança que vive, pulsa e ascende. Esperança que não se desespera. Esperança que sabe.
E então, como se os próprios templos tivessem coração, ela se espalha sobre as pedras do mundo com seu timbre solar — um incenso invisível que unge a realidade. Abre portais. Faz da matéria um símbolo. E do instante, uma passagem.
Na presença dessa voz, eu sigo. Não com pressa, mas com reverência. Porque sei: há verdades que só se revelam assim — em maio, na luz que escorre entre as frestas, na lágrima que vira mel, no rito silencioso de se lembrar quem sempre se foi."""
Sônia Lupion Ortega Wada
Foto : Google