Desde o coração
Eu quero ir pra casa.
Do meu coração, não a do invólucro.
Esse abraço mundano me deixa exausta.
Não consigo mais me apoderar de mim.
As presenças impossíveis agitam as cortinas,
e a minha palavra já é vergonha,
já não é certeza de nada.
Quero ir pra casa, pra minha casa,
aquela de onde me afastei há anos,
na desordem da minha alma,
na treva do meu templo interior.
Quero ir com os ventos dos deuses
ao templo das falas das rosas
no tempo do perfume das manhãs,
quando o dia era a voz que chamava para viver.
E nenhuma porta se fechava
na véspera de um sonho.
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