MONÓLOGO DO EU INTERIOR
E fitam meus olhos
o grande templo da vida.
Os luares como grandes rios
sobre minha cabeça pendida.
As estrelas mortas nos lagos.
Os caminhos desconsolados
pelas lentas chuvas
que esvanecem os afagos.
Sem horizontes, sem manhãs.
Esperança - graça vã.
Ainda no coração
essa carnação de flor machucada.
E a serenidade das montanhas
no olhar - essência desolada.
Sonhando perspectivas
de infinito na porta
de uma única pousada.
No meu pequeno reino
a loucura muda me envolve.
Sobe e desce escadas,
abre e fecha janelas.
Explode.
Esmola, sonha, beatifica-se.
Ramifica-se,
Isola-se.
Que rosto tenho,
na penumbra desse vazio?
A mão no ombro do sonho.
Me leve, me parta
em duas, três...
Até que, por fim,
eu me cale de vez
em amor ou em insensatez
e seja aquele ser feliz
ou aquela que partiu...