MUITAS VEZES
Muitas vezes a página
é como uma nuvem branca
caminhando pelos céus.
Para algum lugar vai
descer, jorrar, transmutar-se,
nutrir uma flor.
Muitas vezes
é como a hora do dia
em que o silêncio agoniza
no cantar repentino de um pássaro
que sobrevoa os cristais dos olhos.
Muitas vezes é como água
embebida de rosto,
que cai sobre a página
para formar
o poema de amor feito de vida.