DESEJO
Queria, em ti, perder a consciência
do que tenho e do que sou
e no ardor da minha demência
contigo alçar
o meu mais belo vôo.
Sentir jorrar pelos poros
todas as vagas do mundo.
Ser pilantra, vagabundo.
Esmagar medos
como uvas no tonel.
E num gesto terno
te fazer eterno
como estrelas no céu.
E em teu ser selvagem,
me fazer caminho,
me fazer passagem.
E de repente, inconsciente,
não ser mais que um grito,
retendo nos braços
o peso do espaço
- teu corpo no infinito.
(Direitos autorais reservados, lei 9.610 de 19.02.98)