VAZIOS
Quando as palavras desaparecem,
é noite escura, berço de trovoadas.
O fogo crepita, mas não ilumina.
A casa cheia é cheia de nada.
Os livros despertam, murmuram e gritam
palavras sem nexo que não mais ouvimos.
Parece que o sonho se escondeu no infinito
e, por ele, os raios se tornam um dobre de sinos.
Na alma, todos os retratos se retiram.
As paisagens interiores, de costas, se viram,
O andar dos ponteiros mostra suas chagas.
Quando as palavras desaparecem
o tempo que voa também nos esquece,
só deixando no rosto esses rastros de asas.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 08/01/2021