Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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Insólita tempestade
Chuva sobre a lenha.
Os cavacos tinham sede de sol.
Nos buracos vazios,
nenhuma estrela caiu.
O homem continuou só.

Na ilusão de sua casa mal assombrada,
chorando sobre a chuva,
no silêncio dos umbrais da estrada.
Os fantasmas que o vento trouxe
doeram mais que a saudade
que abriu a porta na madrugada.

Nos seus olhos boiaram pedras,
e borboletas.
Boiaram a beleza, as dúvidas
e as certezas.
Tudo que ao pranto de um céu
se curva.

Então o tempo desgarrou-se dos véus  
soltou-se das mãos de Deus
e foi desvelando  a chuva.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 06/08/2019
Alterado em 06/08/2019
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