Noturno de Fevereiro
Eu precisava ler além das flores,
das árvores, das montanhas,
para descobrir os signos de mim mesma.
Abrir talvez algumas nuvens com as mãos
para espiar melhor o sol nesse tempo turvo e triste.
Já não domino meus silêncios,
nem meus ruídos
e a casa interior necessita de jasmins,
urgentes primaveras para ressuscitar sorrisos.
Para onde foi meu pé de camélias brancas
quando podaram também meu chão vestal de amanheceres?
Há um jardim para cultivar, que comecei, de novo,
há tão pouco tempo,e que continuo aprendendo.
Suas flores são rostos que me fitam.
Cada folha que cai é um passo que me segue.
E dentro dele, as penas se unem...
em tempo, sonho, palavras, imagens,
e ainda voam pelo direito de continuar acreditando.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 18/02/2018
Alterado em 18/02/2018