Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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Mansamente
Mansamente...
temos que andar mansamente
para não afugentar os pássaros.
Para não pisar nas formigas,
para ver as nuvens e seus desenhos,
o arco-íris, a poça de lama...
e os que caem nela.
Mansamente iremos perguntar a Deus
o por quê de nossas lágrimas,
de nossos sonhos desfeitos,
dos nossos ideais mendigos de esperança.
Mansamente acendemos a luz a cada novo dia,
a cada réstia de sol por entre as nuvens nosso ave-dia
toca o badalar do coração em mais um mistério do prosseguir.

Eu que nada tenho de herói, de santo ou de covarde,
simples mortal soprando bolhas que o vento leva,
mansamente me rendo aos encantos do pensamento:
uma flor na janela, uma borboleta passando,
um pássaro cantando, uma canção ao longe que só existe
no meu pensamento - talvez uma noite feliz de um dia feliz
de um ano feliz, de um mês feliz que passou mansamente
por entre os dedos da alma - e escorregou para dentro
da memória.

Os mansos herdarão a terra?
Só quero herdar o tempo em que fui e sou feliz
por ainda estar aqui e poder ver a luz da lua cheia
iluminar as trevas quando menos espero.

Uma noite, mansamente, o céu dormirá em suas estrelas
e acordaremos iluminados.


Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 10/05/2017
Alterado em 10/05/2017
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