Rios dos tempos
Essas águas das poças,
tantas poças....
as soleiras tão tristes,
a tosse, a insônia que só anda em círculos.
Quem pode ouvir o canto dos ventos enlouquecidos
em cinza e chuva e frio,
sob os tropéis insanos dos mitos?
Suas línguas são vazias de acenos.
São somente rios que despertam em cada peito
sob telas silenciosas de estrelas.
Imenso véu aberto à espreita
da vida que não segue, não consegue seguir
sob o sol da alucinação dessas águas,
de dentro, de fora...
Não adianta ir embora.
Pra onde? Onde encontrar as mãos que salvam?
Até onde essas águas chegarão
ainda farejando margens,
ainda matando flores?
Estanco à porta e ouço a terra chorar
e as formigas suplicarem
pelo retorno da esperança.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 23/02/2016
Alterado em 23/02/2016