Noites
As noites sempre vão... vão mais além...
desse púlpito de lembranças que é o luar.
Mas essa esfera imanta nuvens que me vêm
derramar a infância pelo meu olhar.
Estou, nessa vida, encarcerada
pelo escriba da noite em minha fronte.
Às vezes me desperto nessa fonte d’água
quando sei que nada sou
- apenas uma serva do horizonte.
O que vejo além do tempo que deforma
o rosto, o corpo, o pensamento:
vejo minha alma como simples rocha
que abraça o mar e se revela nos ventos.
(*) reedição,2010
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 17/01/2016
Alterado em 17/01/2016