Dentro de mim
Dentro de mim nunca se faz a hora santa.
Tudo é verde, nunca amadurece.
Quando um sonho dorme, o outro se agiganta
E ao final os dois despertam e fenecem.
Me darás a mão quando o caule velho
arcar-se ao peso das grandes chuvas?
Para onde irei lançar aquela única flor
que retive com amor sob águas turvas?
Correrão rios sobre minhas raízes,
Forças da natureza que nunca tive
Folhas n'água continuarão me escrevendo.
As estações serão as quatro faces
do meu teatro, dos meus disfarces.
Então saberás que continuarei vivendo.
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(poema inspirado em "O bom enredo" de Bernard Gontier)
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 08/11/2015
Alterado em 08/11/2015