Arca
O entardecer vai tecendo pensamentos,
as palavras do poema interior,
como uma grande e solitária arca
que vai navegando pelo amor.
Amor pelos que se foram baixinho,
sem palavras, sem ruído, sem lamentos.
Amor dos que se foram na dor
sorrateiramente arrancados pelos ventos.
Amor por uma saudade insustentável
dos cânticos interiores dos silêncios,
Ah, o coração, esse mestre indomável
já nem reconhece mais os próprios sentimentos.
Vais, ó arca, aqui na alma a tua bússola
talvez seja esse anjo peregrino a me ensinar
o vôo que se orienta por estrelas
que chegará por mim antes que eu me vá.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 23/10/2015
Alterado em 23/10/2015