Noturno para velhas mãos
Vejo a noite lá fora.
Não há lua, nem estrelas.
Minhas velhas mãos empurram o coração
pra frente, pra frente!
Escrevendo palavras que a noite não sente.
Minhas velhas mãos são raízes vivas,
falam como eu, dos minutos, das horas
de alegrias e mágoas.
São velhas amigas, intensas como os olhos
que muitas vezes se martirizam de águas.
Os pulsos patinam nas distâncias,
entre pedras, lamas e arbustos.
E ainda pulsam como os corações
dos que lutam pelos absurdos.
Absurdos do que por entre a dor se busca
o amor sem interesse, a ave augusta
que plaine pela noite sem luar e sem estrelas
no céu dos dois mundos:o da sabedoria
e o desta formiga que luta!
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 15/07/2015