Uma certa paz
Assim na terra como no céu,
o desejo de uma paz profunda.
Uma paz que teça manhãs
com o cheiro do café quentinho,
do pão milagre das mãos dos homens e de Deus.
Uma paz de um bouquê sorrindo
nas mãos de quem vem vindo
e senta à mesa.
Uma paz que desenrole todas as angústias
e as estenda num varal ao sol
para evaporar as incertezas.
Uma certa paz que reconheça-se imperfeita,
mas aceita na alegria e na dor.
No calor do fogo ou no frio,
preenchendo os cômodos vazios
sendo a própria manta do amor.
Ah, essa paz que vem dos longes,
das alturas, tão pura como um lírio,
que venha ao nosso reino como um sino
a repicar no coração,
na esperança de que não se viva em branco,
que cada dia seja um canto
para que esse sol não seja em vão.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 14/06/2015
Alterado em 14/06/2015