A noite
A noite oculta os sonhos,
o verbo que ondula na garganta,
a mão que enferruja,
o pássaro que não canta.
A noite examina
as portas secretas das lembranças
e peregrina, à aventura se lança.
Compõe sua própria canção
atordoada, sonolenta.
Borda florais no coração,
remenda os fios das rendas.
A noite se refugia
na corda bamba do sono.
Dissolvidas as nuvens da alma,
busca seu dono.
À última prece houve um suspiro
antes do adormecer.
Quem sabe um anjo em desvio
por ali não passe
para n'alma amanhecer?
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 29/05/2015
Alterado em 29/05/2015