O TEATRO DA INCONSCIÊNCIA
Cada palavra, cada frase, cada pensamento que se repete e eu vejo o quanto um político está longe do povo, salvo raríssimas exceções. Quando se elege, adormece a consciência de que foi eleito para o povo e pelo povo.
Falo isso com conhecimento de causa - convivi com uma pessoa muito próxima, político. A partir de sua eleição, o que via na frente dos olhos era tão somente sigla de partido. E voto. E reeleição. Votou em mim? Não, aquele não votou. Então vai ter que esperar. -- Vou fazer tal coisa por fulano, porque posso cobrar dele mais tarde. -- Vou dar entrada em tal pedido porque fulano votou em mim, porque lutou para conseguir que toda a familia votasse em mim. --- Vou dar entrada em tal pedido porque nas próximas eleições ele conhece um monte de gente e vai trazer votos pro nosso partido - ou então: não vamos fazer agora o que pediram, são da oposição, vão ter que esperar mais um pouco.
Esse é o pensamento infame. Eles não veem mais seres humanos. Eles veem votos e partido. Isso foi num patamar de baixo escalão na hierarquia política. Imagino lá em cima como deve ser. Nem lembram que o povo existe. Haja vista o eco das ruas que foi até eles, bateu e o discurso continua o mesmo.
Infelizmente, não vivem a nossa realidade. Não vivem a nossa verdade.
Depois de eleitos, seu prato está feito e o resto que passe fome. Aliás, nem lembram que "o resto" é gente igual a eles.
Haverá declínio maior de um ser humano, do que ser personagem de um teatro de inconsciência, onde a cada dia é preciso trocar de máscara e esquecer o próprio rosto apenas para agradar a platéia de si mesmo?
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/03/2015
Alterado em 16/03/2015