Sagradas Mãos
Uma mulher - minha mãe, dona Hilda,
cujas mãos lembro - mãos de uma trabalhadora,
de uma guerreira,
mãos que sempre falavam mais do que mil palavras
- mãos-poema de vida.
Nunca, em momento algum,
lembro-me de havê-la visto
com as mãos vazias, ociosas
- sempre, sempre estava a construir algo
para si ou para os outros.
As mãos de minha mãe falavam de seus sonhos,
de sua semeadura sobre a Terra nos dois sentidos.
Semeava alface, cenoura, beterraba,
e semeava estrelas nas noites de minha infância.
Ainda hoje, seu céu me alimenta,
porque ela o teceu para mim
com o calor e a força de suas mãos.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 02/11/2014
Alterado em 02/11/2014