Onde estás, ó coração humano?
Onde estás, ó coração humano?
Por que não te doas?
Por que és indiferente à dor da terra?
Da tua terra, do teu lar maior?
Por que destróis a natureza, os rios,
as árvores... porque ignoras
a fome dos abandonados nas ruas
e ainda por cima os trata com crueldade?
Por que queimas as florestas, o teu próprio pulmão,
os bebês-pássaros nos ninhos, as aves nos céus?
Coração humano --- quem te moldou assim desumano
que nem pedras podes ser, pois da pedra se constrói
um anjo ou um templo!
Quem tem moldou apenas para teu próprio ego,
para pisares nas flores da alma do outro
transformando-as em adubo para teu próprio bem-estar?
Continuas, coração humano do século XXI,
a tercer a coroa de espinhos e a fincá-la, todos os dias,
na fronte do Nazareno.
Os templos já também não te bastam - fazes deles somente
orquestração para acompanhar teu próprio canto de egoísmo.
Não tens mais olhos - o manto divino das estrelas não existe
para ti.
Não existe mais nada além de ti mesmo, dos teus aparatos eletrônicos, do teu carro, das tuas roupas, do teu nome em letras de neón em algum lugar da moda. Nada existe além do "poder" que almejas ter em algum lugar, em qualquer lugar, sobre os outros, sobre o meio que te cerca.
Triste coração humano que envelhece antes de ter aberto suas pétalas e enfeitado o mundo com sua beleza e seu perfume.
Lamentável coração humano que se levanta no século XXI, para bocejar e dormir novamente até quando o olhar de Deus te permita usufruir do que pensas ser o paraíso e afinal de contas, não passas de seres alguma coisa rastejante, farejante e apenas digna de compaixão.
Oxalá um dia aprendas a erguer-te sobre teus próprios pés e a caminhar sem destruir os lírios dos campos ...
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 09/10/2014
Alterado em 09/10/2014