Que seja
Sou velha de guerra.
O tempo me leva gradativamente
os cabelos, os dentes,
- enfim, sou gente.
Relendo O Carteiro e o Poeta,
"Chamo-me mar, repete
batendo numa pedra sem convencê-la" (*)
e não adianta,
a alma talvez seja uma metáfora
de uma invisível célula.
Onde um núcleo eterno
circundado por milhões de sóis,
grite todo dia, lá de dentro:
- tu não és. Sempre somos nós.
(*) Neruda, p. 22
Imagem: Google
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 29/08/2014
Alterado em 29/08/2014