Despertar
Abrir os olhos para o infinito
é amanhecer e contar um momento
do dia em que busquei a vitória
dentro do pensamento.
Senti e combati a ombro
uma sábia luz que se anunciava.
Mas à espada juntou-se o assombro
de não saber com quem lutava.
Milhões de momentos não contados,
quedas e lutas sem fim.
Inconsciente, eu me cegava
com a luz que habitava em mim.
E na luta com esse raio distante,
à beira do caminho, eu cedia.
Aguardava pelo sol
mas eu era noite e não sabia.
E quando me despojei
das armas que construí,
a mim ela chegou:
a mais bela luz que jamais vi.
Tenho pra mim que ela se fez
quando lhe doei meu cansaço.
Tenho pra mim que adormeci
derrotada entre seus braços.
E por milhões de momentos não contados,
após quedas e lutas sem fim,
vi que a luz que me despertava
era do Mestre dentro de mim.
Dedicada ao meu amigo escritor Bernard Gontier, que sempre nos tem brindado com textos que transcendem e dignificam.
(*) republicação 2007
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 24/08/2014