Ser
É maravilhoso o rio
a quem se entregam as folhas, as pedras
-- caminhantes--
peregrinas dos vales das águas.
Encantam-me esses bosques que velam as margens,
os ninhos nas ramagens.
Esse estar sozinho mas, ao mesmo tempo,
ser gruta e oráculo na grande paisagem.
Quando um duende,
aqui e ali, assovia uma melodia do céu,
tudo parece se reverter - as sombras,
a melancolia. Entontece o dia.
É quando chega a poesia.
Então, às vezes, penso que eu já não sou eu.
Quando se cumpre o dia,
em ocaso ou arco-íris,
nessas pautas coloridas dos céus,
penso que talvez seja Deus escrevendo,
em Seu momento,
um iluminado pensamento
para inspirar os meus.
(*) republicação, 2007
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/08/2014
Alterado em 16/08/2014