VENTOS DE OUTUBRO
Não me queiras mal.
Assim alguém me fez.
Não há me fazer assim de novo.
E não haverá nenhum talvez.
Um outro e outro tempo
sei que aguardam minha alma.
Os ventos hoje me dividem
em pássaro e pedra.
E dentro da minha carne
as rosas me fecham as portas.
A luz não se encanta
e a dor sangra meu nome.
Passará... passarei...
à beira dessas margens em cinzas,
e sobrepujarei a pulsação dessas águas.
E dissolverei no sal da tarde,
todas as palavras não pronunciadas
pela doçura que quebrou meu mundo.
A água continuará a bater nas pedras,
até os serafins acordarem novamente.
Mas eu já não estarei mais aqui.
Na foz do seu abraço,
irei dormir.
(Direitos autorais reservados).
Imagem: Super beautiful photos (fb)
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/10/2013
Alterado em 16/10/2013
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