Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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Cantares IX - dos caminhos
Exilada na noite criança
e seus fragmentos
que geram suspiros,
creio ser somente
uma palma em lembranças
aberta, em alerta,
- um círio.

À noite, convoco estrelas
esgueirando-me pelas altitudes,
e para adornar
as rendas das janelas
restauro na alma
cânticos e solitudes.

Sou aquela
que à terra pertence,
à searas de pão,
a que se identifica com a luz
e o trovão
e que a si mesma se vence.

Aquela que
embora em chamas profundas
os véus tem erguido
para beber, sem medo,
do cálice da inquietação
e de crepúsculos recém-nascidos.

Com reverência
levo nas mãos
os ramos desse sândalo,
perfume de anjo antigo.

para cingir
dentro do coração,
com gestos leves
os caminhos do trigo.


(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)


Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 28/02/2007
Alterado em 03/06/2011
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