SOMBRAS E SOBRAS DO ONTEM
Diante do horizonte,daquele longe que jamais se repetirá suportei a loucura até o seu limite como o álcool. Sentia vergonha das esperas. Sentia vergonha pela legião de fantasmas que me cercavam - eu ia lhes conhecendo os nomes e o rosto - um só. Tomavam-me pelo pulso para me conduzir por labirintos onde a imobilidade dos dias me cegava. Desabitada de meu verdadeiro caráter, ia, de olhos fechados, seguindo os instintos, para não perder de vez a razão. O jogo, as pedras brilhavam cada dia mais. O ambiente da mentira tinha sua grandeza. E a dualidade o seu charme. Mas a verdade se solta da árvore mais cedo. Sai dos porões da demencia, e protege o essencial: a lucidez.
Retorno ao caminho da vida. Aos serviços do coração e da paz. Mas ainda me pesa, por vezes, por demais, a estrutura do erro que foi abrigo comodo para meu sonho ingênuo. Desperto deste grande trem fantasma e desço na estação da realidade, sobrevivente ao coma das palavras fáceis, belas e inverídicas.
Único caminho sobre a terra onde desejo apagar meus passos para sempre.
(Direitos autorais reservados)
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 12/09/2012
Alterado em 12/09/2012