Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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O VAGA-LUME E A MARIPOSA



Mostrou-se ao dia diante da mariposa. Escondeu-se durante anos diante da flor,  das borboletas, dos pássaros, dos lírios dos campos ... Tinha medo do dia... um medo terrivel de manchar-se de cores, de azuis, de  inebriar-se de perfumes. De que o mundo soubesse desse seu pecado de admirar a luz do sol e a própria natureza.  Tinha temores, usou de mil artifícios para disfarçar seu medo da claridade....  Numa noite de luar, inebriado pelos raios claros e envolventes,  encontra  a mariposa, e, finalmente, como se fosse um ser de carne e osso, abre-se ao  dia, ao mundo,  ao vermelho intenso e também   volta  à sua noite, à fumaça,  ao encanto da efêmera gangorra da pele das rosas.... está feliz!  Finalmente pode se espelhar nas águas ao luar e dizer para si mesmo: deixei de ser covarde! Uma benção!  De luz em luz a mariposa, no auge de seu vôo, ousa, arremessa-se e o envolve - e deixa-se iluminar por ele, que sempre emite raios de luz. E  é neles que, faltamente, um dia,  queimará  suas asas.




(Direitos autorais reservados)
Imagem: Google - Super beautiful photos




Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 20/07/2012
Alterado em 21/07/2012
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