O VAGA-LUME E A MARIPOSA
Mostrou-se ao dia diante da mariposa. Escondeu-se durante anos diante da flor, das borboletas, dos pássaros, dos lírios dos campos ... Tinha medo do dia... um medo terrivel de manchar-se de cores, de azuis, de inebriar-se de perfumes. De que o mundo soubesse desse seu pecado de admirar a luz do sol e a própria natureza. Tinha temores, usou de mil artifícios para disfarçar seu medo da claridade.... Numa noite de luar, inebriado pelos raios claros e envolventes, encontra a mariposa, e, finalmente, como se fosse um ser de carne e osso, abre-se ao dia, ao mundo, ao vermelho intenso e também volta à sua noite, à fumaça, ao encanto da efêmera gangorra da pele das rosas.... está feliz! Finalmente pode se espelhar nas águas ao luar e dizer para si mesmo: deixei de ser covarde! Uma benção! De luz em luz a mariposa, no auge de seu vôo, ousa, arremessa-se e o envolve - e deixa-se iluminar por ele, que sempre emite raios de luz. E é neles que, faltamente, um dia, queimará suas asas.
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Imagem: Google - Super beautiful photos
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 20/07/2012
Alterado em 21/07/2012