SALMO DE DOR (AO DEUS DE TODA A CRIAÇÃO)
Escancaro as folhas dos livros,
inclino minha pálida fronte envergonhada
aos que partem à sombra,
na agonia
dos abandonados.
Que Deus desça e abra esta gaiola da alma
onde a indiferença viceja.
Tento escutar os companheiros.
Estamos todos condenados.
Condenados a viver o desperdício do amor
e da solidariedade.
Condenados a ocultar o nosso pranto
para uma sub-existência covarde.
Escancaro o meu mergulho no vazio
das inquietudes insanas da humanidade.
E da indiferença dos irresponsáveis
e pretensos mensageiros de Deus
que executam seu trabalho de maneira selvagem
entre os seres da criação
e que formam mentes alienadas.
Escancaro minha dor
diante da dor dos animais
cujos vultos se petrificam
na indiferença dos corações inanimados
de seres "humanos" abjetos,
que nunca herdarão a terra
enquanto seus olhos não enxergarem
que um mesmo e único sol
lhes dá o pão e a vida.
(Direitos autorais reservados).
Imagem: Google
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 23/06/2012
Alterado em 23/06/2012