<<< DO CORPO E DA ALMA >>>
Não há traçado
sobre o silêncio da noite.
Nem a língua dos sábios.
nem o fascínio dos céus.
Carrego a algum lugar
essa rota de evocações.
Montanhista de vales profundos,
escalando, em túnica de flores mortas
até que a carne seja suficientemente
verde, para reflorescê-las no cume da alma.
Absurdamente escrevo, e revezo
os pés dentro da lei inexorável
do destino, para permitir-me chegar
sem as ausências que me desliquibraram.
Ao longo do caminho.
as nuvens como alimento.
O olhar, talvez, em monástico tormento,
ascende, ascende devagarinho.
Uma parte de mim leva os sonhos,
flores nômades nos beirais dos abismos.
E me farei cedo, para ver o novo dia nascer,
depois do esvaecer de todas as luas,
depois dos espasmos de todas as estrelas,
para voar, além do sono do pensamento,
e não precisar mais lutar
contra o próprio olhar
que, misteriosamente,
precisou entrevar
para amanhecer.
(Direitos autorais reservados).
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 19/11/2011
Alterado em 15/12/2011