CANTARES IV (Do vento dos sonhos...)
Ó vento que machucas
a humildade da montanha:
- tivesse eu descoberto no universo
a força de tuas entranhas,
não me sentiria mais assim exposta
ao mundo e ao mesmo tempo
uma estranha...
Já explorei tantos caminhos,
mas não destruí a angústia,
nem arranquei o véu dos sonhos
às custas de nenhum milagre...
Queria, do amor, a beleza
das esculturas gregas,
voar por todos os declives
das sendas
e passar adiante,
sem arrancar nenhuma folha
do meu livro de horas...
Dançar como tu, ó vento,
ao sabor do que um dia modelou o coração,
e não deixou nenhuma marca.
Apenas um bocejo amargo
diante do que foi mutável demais
e assumiu formas de diamante
somente por força de reverências.
Talvez ainda haja sonhos, ó vento,
que, pelos caminhos da vida,
tu eleves aos apelos da alma
e os assente no fundo do coração,
sem nada pedir em troca...
(Direitos autorais reservados)
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 10/12/2006
Alterado em 26/12/2010
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