Este é um grito de revolta de uma amiga minha que reside em Santa Catarina, estado já vitimado por tantas tragédias. Transcrevo abaixo, pois acredito que devemos unir nossas vozes em torno deste ideal - o de transformarmos o que acontece à nossa volta.
S.O.S. BRASIL!
-- por Áurea Júlio (*)
Faz-se comparação entre Austrália e Brasil no caso das enchentes --. isso é coisa da oposição! (RS) – A população do território australiano inteirinho é menor que a da cidade de São Paulo.
O que acontece aqui é que os brasileiros (inclusive os políticos, pois são também brasileiros) não têm vergonha na cara, amor ao pais, visão de futuro, nada. Não têm educação, sejam do partido que forem, seja qual for o governante. Acontece que a índole do nosso povo parece ser a de tirar vantagem sempre, de ir pelo caminho mais curto, de passar a perna nos outros. Está certo que sempre rindo, otimistas e solidários, mas malandros.
Se a lei fosse acatada, se as imobiliárias não tivessem a cobertura que têm, se o povo tivesse consciência ecológica, se , se, se... não haveria construções, nem pobres e nem ricas nas encostas, não haveria invasão de terras protegidas, não haveria degradação do meio ambiente. Não ha governo que dê jeito nisso. Nunca, nunca eu vi um prefeito, um governador ou um presidente jogar sofá, cadeira, tapete, panela, penico em rio. É só acabarem as chuvas, começam construir tudo de novo em lugares que SABEM que não pode ter casa, começam jogar todo lixo de novo nos bueiros , nos rios, na praia, nos lagos.
A responsabilidade dos políticos seria investir em campanhas educativas, ensinando, de novo, outra vez, novamente, que não se pode construir nas encostas, que a Serra do Mar não é lugar de casa, que lixo não se joga no meio-fio, que rio não é privada pública, que rio não é valeta, como eles chamam. A responsabilidade é de quem sabe mais ensinar quem não sabe, todo mundo, todos nós.
Quando acontece uma catástrofe num local onde não se previa, onde a construção não feriu nenhuma norma, como aconteceu em vários locais aqui de Santa Catarina, fico com muita pena, mas quando vejo essa gente despencando morro abaixo de lugares onde SABIAM que era proibido ter casa, acho que escolheram isso. Eles arriscam, querem terreno barato, de graça se for possível. Qualquer imbecil vê que aquilo não é lugar, que aquilo não é uma casa, mas eles tem que morar ali por comodidade, por facilidade, por conveniência, sei lá e a casa está entupida de crianças, de idosos, de cachorros. Se a defesa civil mandar sair, não saem. Se a Defesa Civil não mandar sair, ah, culpa da Defesa Civil que choveu tanto e a casa caiu.
Claro, ninguém merece ter a casa soterrada, arrastada, perdida. Ninguém merece ter filhos mortos, mãe, pai, esposos. Que as autoridades façam cumprir a lei, pois a lei já proíbe essa gente de morar nesses lugares. Só isso. No mais é a velha mania de querer ser mais esperto do que aqueles que acatam a lei. Idiotas são os que não tem vista para o mar, espertos os que se empoleram no morro de frente para o oceano. Infelizmente, ou felizmente, a natureza cobra mesmo, de rico ou de pobre.
Aqui onde moro já tenho medo, apesar de ser terreno firme, pois já tiraram toda a vegetação, toda -- quando chove, morro de medo e aqui nem passa perto de ser um morro daqueles.
Enfim, se o povo tivesse vergonha na cara e fosse menos ambicioso, nada disso aconteceria. Tenho pena dos idosos, crianças e bichos domésticos: são inocentes que pagam pela sem-vergonhice dos espertos.
Fico tão brava e confusa quando penso em tudo que está errado... o melhor é pedir a Deus que ilumine as pessoas mesmo para que elas tenham maior consciência do que fazem.
(*) Áurea Júlio é advogada, professora e tradutora. Viveu em Londres e na Austrália.
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 18/01/2011
Alterado em 07/03/2011