CANTARES VII - LUA DE FEVEREIRO
Tão silenciosa e tão secreta
essa forma de vida que adentra
a janela imperfeita,
em preto e branco,
quando a lua ninfeta dança
sobre as águas de fevereiro.
Numa insana vingança, ela adorna
de pétalas mortas
um coração de algodão
preso à porta.
Que inutilidade desses raios
carbonizando
o pensamento
quando não se autoreconhe
que foram suas chamas
que queimaram os sentimentos.
Não deponha sobre ombros alheios
a insanidade do seu próprio meio
que lhe vela como árvore na neve.
Todos os sóis, todas as estrelas
lhe reconhecem.
As crianças têm olhos que dissolvem
o que no coração humano não se resolve
e encontram sempre pegadas vivas.
Pelos campos dentro da vida
planta-se lírios, ao invés de delírios,
para se conseguir, do labirinto,
a verdadeira saída.
(Direitos autorais reservados).