Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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NOSSA CASA


Creio, firmemente, que o ódio entre irmãos do mesmo Planeta  nunca chegará a parte alguma, a não ser ao inferno interior e exterior do ser humano. Meu repudio ao ódio, à intolerância, a toda e qualquer  guerra entre os seres viventes, para que cesse o fogo que consome os corações dos homens de tantas nações irmãs... nações que não somente combatem entre si, mas que se extinguem lentamente na fome, na miséria, na violência, na alienação moral e psíquica  de seus irmãos...

Abaixo, um poema do poeta espanhol León Felipe (1884-1968),  cujos versos nos tocam profundamente o coração  - porque humano e universal - e nos alertam para que zelemos sempre por esse jardim maravilhoso que Deus nos deu, o nosso Planeta Terra, Nossa Casa...


AUSCHWITZ

(León Felipe, poeta espanhol – 1884-1968)
 
Esses poetas infernais
Dante, Blake, Rimbaud
Que falem mais baixo...
Que se calem!
Hoje
Qualquer habitante da terra
Sabe muito mais do inferno
Do que esses três poetas juntos.
Já sei que Dante toca muito bem o violino.
Oh, o grande virtuoso!
Porém que não pretenda agora
Com seus tercetos maravilhosos
E seus endecassílabos perfeitos
Assustar a esse menino judeu
Que está aqui agora, separado de seus pais
E sozinho.
Sozinho!
Aguardando sua vez
Nos fornos crematórios de Auschwitz.
Dante... tu baixaste aos infernos
De mãos dadas com Virgilio
(Virgílio, “grande cicerone”)
E aquilo vosso da Divina Comédia
Foi uma aventura divertida
De música e turismo
E isto é outra coisa.... outra coisa...
Como te explicarei?
Se não tens imaginação!
Tu... não tens imaginação,
Lembra-te que em teu “Inferno”
Não há uma criança sequer....
E esse que vês aí...
Está sozinho,
Sozinho! Sem cicerone...
Esperando que se abram as portas do inferno
Que você, pobre florentino!
Não pudeste sequer imaginar.
Isso é outra coisa.... Como te direi?
Olha! Este lugar é aonde não se pode tocar violino.
Aqui se rompem as cordas de todos
Os violinos do mundo.
Vós me entendestes, poetas infernais?
Virgilio, Dante, Blake, Rimbaud...
Falem mais baixo!
Toquem  mais baixo! Psiu!
Calai-vos!
Eu também sou um grande violinista
E toquei no inferno muitas vezes...
Porém agora aqui....
Rompo meu violino... e me calo.

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(Tradução livre do espanhol:  Lúcia Constantino.)


Link do poema declamado em espanhol,  em emocionante interpretação, que vale a pena ouvir.

 http://www.youtube.com/watch?v=7R5GlviiXkw

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 26/01/2009
Alterado em 27/01/2009
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