Cantares VIII - Ao Senhor dos Mundos (reedição)
Tu, que guias a caravana
entre o abissal e o horizonte,
dá-me percepção humana
de reconhecer as fontes.
Tu, que a cada novo dia,
fazes das trevas renascer
a luz dos olhos nos meninos
para Te espelhares
em Teu próprio amanhecer,
depõe orvalho nos meus lírios
para que se transmutem em círios
quando, um dia,
meu ser anoitecer.
Tu, que divides meus caminhos,
em manhã, tarde e ninho,
dá-me a leveza de Tuas brumas,
para que em mim o amor se resuma
em sempre o coração ascender...
Se minha chama interior
ameaçar se consumir
em orgulho, vaidade
e inquietudes,
lembra-me das Tuas cordilheiras,
as altitudes,
para que eu aceite em paz
toda obra Tua que faz
minha pequenez se reconhecer.
Quando a noite negra se revelar
em lágrimas, dores ou desesperança,
segura-me pela mão,
e guia-me até um coração
que ainda me ame como lembrança.
A Ti confio
as asas de minhas palavras,
o som dos meus silêncios,
o curso de minhas lágrimas,
e todos os rostos dos meus pensamentos.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)