Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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UM DIA, UM SONHO


Passa, inexorável, um vendaval efervescente,

levando um altivo e muito lento coração.

Também leva crepúsculos em sementes

de outras vidas - sóis que nunca acordarão.

 

Resíduos de estrelas, pairando sobre os montes.

Os sonhos tinham cor? Não. No tempo, só miragens.

A memória some, quer lembrar do horizonte.

Oriente e ocidente se apagam da paisagem.

 

Duelo angustioso na alma que estremece.

Onde buscar o templo que não ria mais da prece,

onde cada rosa viva não seja pedra no olhar?

 

Se não há vigílias nos espelhos da humildade

e tão somente o que é inútil tenha validade,

que se feche a noite, preciso despertar.

 

 

 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/09/2008
Alterado em 18/01/2009
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