Ele ouviu a canção das nuvens,
executada nas cordas solares.
Quem Te fitou os olhos viu
os lírios do coração se abrirem
e naquele momento,
os justos se desencaminharem das angústias
e as astúcias dos pensamentos
se converterem em serenos faróis.
Decifrou ele, em Teu olhar, os veios profundos
que no infinito percorrem todas as estrelas
desenhando o mapa de um mundo
que pela luz dos Teus olhos
ainda vale a pena,
quando há no Ser o sonho
de reencontrar o verdadeiro lar.
Quem Te olhou nos olhos,
sabia que estava diante do manancial solar
maestro da lua, do mar
e de todos os vales profundos
por onde ainda respiram os náufragos
e os insensatos passos do mundo.
Ao fitar Teus olhos, com certeza alimentou-se
dessa aurora e vestiu-se de gente
pela primeira vez na vida.
Sagrada e ascendida criatura,
seiva da terra remida.
Aquele que Te fitou os olhos
fez de si mesmo uma lira eterna,
consciente de que ao olhar o próprio céu,
humanamente autogerou luz
à sua hora e enfim, se reconheceu.
Quem Te olhou nos olhos
recebeu asas para a caminhada
ao longo dos séculos.
Nasceu.
Ó Mestre,
tivesse eu estado por perto,
não seria hoje, talvez, esse ramo verde
tão longe da Tua vertente
itinerante oásis
pra nenhum deserto.