Poemas da Caminhada - Lúcia Constantino
O canto da alma é a única coisa que fica. E o que dele fizermos...
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17/12/2011 14h06
Uma prece (de Antoine de Saint-Exupéry)

Uma prece de Antoine de Saint-Expéry

 

 

"Apeteceu-me morrer. E pedí assim a Deus:

- Dai-me a paz dos estábulos, das coisas arrumadas, das colheitas recolhidas. Deixai-me ser, por me ter acabado de realizar. Estou cansado dos lutos do meu coração. Sou velho demais para recomeçar em todos os meus ramos. Vim perdendo, um por um, os amigos e os inimigos. Vi uma luz brilhar no meu caminho de ócios tristes. Afastei-me, voltei, olhei: fui encontrar os homens à volta de um bezerro de ouro, mais por estupidez do que por verdadeiro interesse. E as crianças que hoje nascem parecem-me mais estranhas do que os rapazitos bárbaros que desconhecem a religião. Levo comigo o peso de tesouros inúteis. Sei músicas que nunca ninguém compreenderá. (...)  Aparece-me, Senhor, pois tudo se torna mais difícil quando se perde o gosto de Deus"

 

 

in "Cidadela" , p. 173, Ed. Aster, Lisboa.

 

 

Publicado por Lúcia Constantino
em 17/12/2011 às 14h06