.... ah, quem me dera compreender
os "pobres" de espírito interior.
Seu pensar, seus sonhos.
Sonhos de ouro e glórias.
As inuteis glórias do mundo!
Suas vidas são como poeira do chão
que um vento carrega pra lá e pra cá
e seus rostos brilham por trás de falsos letreiros
e refletem aquele brilho falso das esferas menores
onde o espesso e verdadeiro eu jamais é encontrado.
Tenho compaixão pelo sentenciados
aos abismos da idolatria, do egocentrismo.
Do pão que comem cru a cada novo dia
pois querem antecipar a hora da colheita,
sem aos menos terem tido a participação de suas mãos
no revolver da terra sagrada.
À palavra soberba, ao rosto enfeite moldado
em falsos brilhantes,
desejaria oferecer para um clarão de dia
nas trevas, lírios do campo, cordeiros pastando,
crianças brincando de roda ao luar,
porta-retratos com flores e pássaros,
um quadro de Matisse,
uma formiga carregando uma pétala,
um luar de agosto cheio de pirilampos,
nuvens no céu
e um ocaso num mar de nuvens esmeraldas
para que se conscientize
que o verdadeiro e único brilho
é aquele que dinheiro nenhum compra
é o afeto e reverência pela vida,
que Deus doou ao coração humano
como o seu único e maior tesouro.
- Lúcia Constantino