(autor: Esperança)
Chegaste suavemente, como a brisa da manhã...
(Enquanto aparecia , teimosa, no céu,
Uma estrela, perdida, que andava ao léu...)
Chegaste, amor: não bateste na porta
Porque esta se abriu ao ouvir os teus passos.
Entraste, sorriste... que meigos abraços!
Chegaste a mim... eu tanto esperava!
Há tempos e tempos que eu te buscava
Mas tu não querias, não vinhas me ver...
(Meu cabelo era lindo! Agora tem neve!
Demoraste tanto! E a vida é breve!
E o corpo era rijo: agora, a tremer...)
Beleza se foi nesta longa espera...
E a juventude... veloz como fera!...
Agora é outono... Mas quero viver!!
Renasce a alegria: te quero ao meu lado,
Embora o “Impossível” nos seja fadado:
Andar ao teu lado não posso querer!
Minh’alma te busca: no sonho é alegria!
És sonho de um sonho!... A casa está fria!
E a porta se fecha ao entardecer...
Eu sofro contigo e me alegro contigo.
Teu sonho é o meu! Tu sonhas comigo?...
Não reclamo de nada: fizeste-me Ser!...
E assim como sombra, te sigo, apagada,
Brilhando no escuro, à vida apegada,
Pra sempre esperar no “Impossível” viver...
Ficar do teu lado, repartir os momentos
Tão breves! Tão longos nos sentimentos.
Sentir que jamais eu vou te esquecer...
E desses momentos fugazes, ligeiros,
Que voam e escoam no meio dos dedos
Sofrer a saudade do “nunca poder”:
Andar pela rua, nós dois, namorados
Sentindo as delícias... Viver abraçados
No amor que é divino! E tê-lo a esconder!!...
Rogar que meus olhos não falem de amor
Pra jamais te ferir ou te causar dor,
Vestindo silêncio... e sobreviver!
Saber que contigo, estar ao teu lado,
É coisa impossível, é o “sempre esconder...”
Esvaindo-se a vida: sozinha morrer!...
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ESPERANÇA
Publicado no Recanto das Letras em 16/01/2008
Código do texto: T819255